Os 7 Pecados do Rei Davi - 7º Pecado

 

Este é um breve estudo em 2 Samuel 11. Uma reflexão sobre algumas escolhas de Davi e suas consequências, e como podemos evitar que essa trama se repita em nossas vidas.


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Uma mulher arrasada


Bate-Seba chora a morte de seu marido. Lamenta inconsolável, mas suas lágrimas não trarão de volta seu marido. E qualquer consolo que o rei tentasse dispensá-la não repararia o mal que ele a causou.

Ao que parece, não era da vontade daquela mulher "trair" seu marido. Mas, por que, então, ela assim procedeu? Note que Davi, o rei, deu uma ordem para seus homens trazerem Bate-Seba até ele (2 Sm 11.4). Diante de uma ordem real ela não tinha escolha: era da vontade do rei que se deitasse com ele. Negar-se a obedecer seria perigoso demais para ela.

Agora, chora por seu marido, pois Davi o matou. Que sofrimentos mais ele poderia causá-la? Sem dúvida, a ideia de Davi de casar-se com ela seria o maior de todos os sofrimentos, o golpe final e certeiro.

E para o próprio Davi, seria o selo para perdurar o próprio sofrimento e se manter debaixo da ira divina. Portanto, o casamento com Bate-Seba foi o sétimo pecado do rei Davi.


7º PECADO: O CASAMENTO COM BATE-SEBA


Inicialmente alguém poderia discordar de que Davi pecou em ter casado com Bate-Seba. Mas após uma reflexão cuidadosa dos fatos logo perceberá a inconveniência dessa decisão do rei. Vejamos:

1) Davi se deitou com Bate-Seba. Só nesse ato ele arrasou a consciência dela e destruiu seu casamento com Urias;

2) Davi mandou matar Urias. O marido de Bate-Seba, a quem ela realmente amava, foi morto por ordem de Davi. A morte de seu marido lhe trouxe muito sofrimento.

Sabemos que para alguém esquecer e recuperar-se de acontecimentos ruins na vida, nada há mais eficaz do que permanecer longe daquilo (ou daquele) que o causou tais males. Será que Davi não estava consiente disso? Certamente.

Ele tinha consciência de que as atitudes corretas para com Bate-Seba deveriam ser providência de moradia e sustento necessário, porém jamais voltar a tocá-la nem vê-la, pois tornou-se para ela sinônimo de tristeza e sofrimento. Ao ver Davi, Bate-Seba logolembraria das angústias vividas.

Ele deveria sustentá-la a partir de então, por ser o responsável por arrasá-la, porém não tinha o direito de tomá-la por mulher. A atitude de Davi em casar com Bate-Seba equivale a aproveitar-se das “vantagens” do pecado. É como alguém que peca, arrepende-se, pede perdão, mas não se desfaz do que ganhou com o pecado e considera bom.


As "vantagens" do pecado e a sentença de Deus


Logo após narrar a decisão do rei de se apoderar de Bate-Seba, o texto de 2 Samuel 11.27 declara que “o SENHOR não gostou do que Davi tinha feito”. No capítulo 12, no verso 10, lemos o seguinte:

“Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias... para que te seja por mulher. (versão ARC - grifo meu).

Ao ver que Davi escolheu gozar das “vantagens” de seus pecados pelo resto da vida, Deus decidiu que, também pelo resto da vida, a espada jamais se apartaria da casa dele (2 Sm 12.10). Desde então, para sempre Davi pagaria por suas más escolhas.

Perceba que o verbo ser está no imperativo: “para que te seja por mulher". Isso evidencia que Deus está condenando, não apenas o adultério que Davi cometeu, mas também sua decisão em possuir de uma vez por todas a mulher a quem fez tanto mal.

A expressão “a espada” no contexto bíblico é uma figura de linguagem que denota guerras, violência, conflitos e morte. A presença da espada na casa de Davi significava que dela surgiriam muitos conflitos, sofrimento e mortes, o que começou pela morte da criança gerada de sua relação adúltera (2 Sm 12.14).


O ARREPENDIMENTO


Davi se arrependeu (v.13). O salmo 51 foi escrito por ele depois do episódio em que o profeta Natã o repreendeu. Deus teve misericórdia e o perdoou. O Senhor é Deus piedoso e longânimo, rico em perdoar (Êx 34.6-7; Is 55.7).

Ele "não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões." (Sl 103.10-12). Como um Pai misericordioso e amoroso que é, Deus perdoou Davi.


As consequências vieram


Mas infelizmente isso não foi o fim, pois as consequências permaneceram. Elas sempre permanecem. Isso porque um Deus justo precisa fazer justiça. Davi foi perdoado e por isso não morreria nem perderia a presença do Espírito Santo e a salvação do Senhor. Mas teria que pagar pelos seus atos.

Por isso Deus permitiu contra ele muitos acontecimentos desastrosos após estes episódios. Deus não causa o mal moral (Tg 1.13-14), mas traz calamidades sobre os transgressores para puni-los, para que, desse modo, seja feita justiça.


Há uma esperança — conclusão


Mas há uma esperança. Sempre há! Já explicamos que Davi pagaria por seus erros para sempre porque decidiu aproveitar, também para sempre, daquilo que ganhou com eles. Isso significa que certas consequências de pecados podem ter um fim, não precisam ser eternas, como aconteceu com Davi.

Para isso devemos abandonar não só o pecado propriamente dito, mas também tudo o que lhe diz respeito, ao invés de aproveitar alguma coisa que sobrou dele conosco após nosso arrependimento.

Zaqueu, o publicano, é um grande exemplo a ser seguido por nós. Quando se encontrou com Jesus, ele disse sobre o dinheiro que ganhou desonestamente: "Senhor, (...) se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais." (Lc 19.8 ARA).

É disso que precisamos! Uma conversão tão profunda que nos faça repugnar tudo o que é pecado e o que adquirimos com ele. Assim, poderemos estar seguros de que Deus...

"Não repreenderá perpetuamente, nem conservará para sempre a sua ira." (Salmo 103.9).

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