Este é um breve estudo em 2 Samuel 11. Uma reflexão sobre algumas escolhas de Davi e suas consequências, e como podemos evitar que essa trama se repita em nossas vidas.
A situação se agravou
Bate-Seba ficou grávida e contou a Davi (2 Sm 11.5). Ele temia que Urias, marido dela, descobrisse o caso ao perceber a gravidez de sua esposa com o passar do tempo.
Davi então tentou por duas vezes, sem sucesso, fazer com que Urias fosse para casa e tivesse relações com Bate-Seba para que quando a criança nascesse, parecesse ser de Urias. Como estas duas tentativas falharam, Davi parte para o seu próximo plano maligno.
Depois de cometer delitos terríveis, Davi tem a covarde atitude de planejar a morte de Urias, um fiel soldado de seu exército, consumando assim mais um ato desastroso e, por sua vez, macabro: um homicídio.
5º PECADO: HOMICÍDIO
O homicídio é um ato repugnante e condenado pela própria lei natural (isto é, é a lei inserida por Deus na natureza do ser humano, para discernir entre o bem e o mal; consciência; reta razão).
Este ato tão indigno, condenado pela própria consciência humana é considerado um crime universal; o senso de que é errado tirar a vida de pessoas é comum em praticamente todas as culturas. Como pode, então, um homem de Deus chegar ao ponto de praticar um crime tão horrendo como este?
A resposta está nos primeiros atos de Davi, pois estes já lhe haviam afastado consideravelmente do Deus de amor. Além de perder o senso de justiça adquirido pela comunhão com Deus, Davi teve afetado também seu senso de justiça natural. O processo de desenvolvimento do pecado apresenta os seguintes estágios: concepção, evolução, insensibilização, corrupção e morte.
Concepção
É quando o pecado nasce. Todo pecado nasce de um desejo (Gn 3.5-6; Tg 1.15a).
Evolução
É o período e o conjunto de atividades que dão crescimento e força ao pecado (Sl 42.7). Como um abismo chama outro abismo, um pecado leva a outro pecado.
À medida que o pecador transgride, além de crescer, seu pecado é diversificado (Gn 18.20-21; Rm 1.28-31), ou seja, além de cometer o mesmo erro com maior energia, passa a cometer outros, como mostra a história de Davi.
Insensibilização
É quando o pecador entra no estado de insensibilidade. Seus atos infames não lhe trazem mais culpa nem lhe inflamam o coração.
A voz do Espírito Santo não mais lhe constrange. Esse é um dos estágios mais perigosos a que um ser humano pode submeter-se.
O Espírito Santo clama com insistência para que as pessoas abandonem seus pecados antes que cheguem a tal estágio (Pv 29.1; Jo 5.14; At 7.51).
Corrupção
Após a insensibilização já não resta senso moral. O pecador estará capacitado e disposto a praticar todo tipo de injustiça (Rm 1.28-32). Que triste estado! Para estes, só uma ação nascida da decisão do Deus Onipotente pode lhes fazer retonar ao entendimento sadio (Dn 4.34-37).
Quanto a pecadores assim, Deus julga cada caso de acordo com critérios que só Ele mesmo conhece, pois de tão profundos que são, nenhum ser humano pode sondá-los ou entendê-los. Portanto, todo ser humano deve pensar mil vezes antes de deixar seu pecado evoluir a tal ponto.
Morte
Após o processo de consumação (evolução, insensibilização e corrupção) este é o último estágio, o destino final daqueles que se entregam aos desejos carnais, ao invés de buscarem a ajuda de Cristo para lhes fortalecer e capacitar a dizer “não!” ao erro (Tg 1.15b).
Podemos concluir ainda, pela história de Davi, que o pecado é tão perigoso que pode ser comparado a uma bomba, visto não atingir somente o transgressor, mas também às pessoas em volta dele. Por causa de Davi, Bate-Seba teve seu casamento e vida arrasados (2 Sm 11.26) e Urias foi assassinado (2 Sm 11.17).
Antes da morte física, o transgressor experimenta a morte espiritual, que é a quebra de comunhão com Deus. Essa morte ocorre muito facilmente, antes mesmo do estágio de insensibilização do pecador e é o pior tipo de morte que existe.
Esta foi a morte que separou Adão, o primeiro ser humano, da comunhão com o Seu Criador (Gn 2.16-17; 3.7). O único remédio para este estado é o reconhecimento da morte de Cristo como fonte eterna de perdão juntamente com o arrependimento seguido de mudança de atitudes (Pv 28.13).
Todos nós podemos falhar
Pequenos erros desenvolvem-se em nossas vidas quando os cometemos e tornam-se maiores. Quando tentamos encobri-los, tomamos atitudes ainda mais repugnantes e diversificamos as escolhas erradas, além de agravar as primeiras.
Como Davi, não estamos isentos dessas atitudes infames, por mais que só pareçam possíveis apenas em ficções e filmes de terror. Fiquemos atentos. Elas acontecem na vida real: primeiro nos cegam e logo nos dominam.
Conclusão
Aprendemos algo importantíssimo neste capítulo: para ocultar um pecado o ser humano é capaz de tomar atitudes horrendas, inclusive ceifar a vida do próximo, mesmo que este seja um amigo ou um servo leal, como Urias era um servo leal de Davi.
Cuidemos contra o pecado. Evitemos a tentação, para que esta não nos leve a pecar. Para evitá-la, Jesus nos ensinou a orar e vigiar, e o apóstolo Paulo nos ensinou a cuidar (Mt 26.41; Mc 14.38; 1 Co 10.12-13).