A humanidade e os ídolos


Desde os tempos mais remotos, podemos constatar, quer por escritos, quer por achados arqueológicos, o fascínio que os ídolos exercem sobre os homens. 
Nisto me peguei pensando, após ter concluído a leitura do livro II da obra "De Civitate Dei" - A Cidade de Deus - de Santo Agostinho. 
Os meus pensamentos não me deixaram em paz até que concluísse um raciocínio lógico, linear e sistemático sobre o tema. E é sobre tal conclusão que passo dissertar.

Em linhas gerais, o ídolo é a representação visível de um poder, força ou autoridade invisível, ou, até mesmo, uma representação antropomórfica de elementos visíveis da natureza. 
Em ambos os casos o princípio é o mesmo: criar um símbolo visível para um poder, quer seja objetivo, quer seja subjetivo, como também conferir status divino às subjetividades humanas.

De onde vieram os ídolos e como evitá-los

Todo ser humano carrega um vazio existencial. Temos mais perguntas do que respostas, logo, por este vazio proveniente da ignorância entra a superstição, pela superstição entram os medos, pelos medos a necessidade do apego a algo que gere segurança e, por este, o ídolo. 
Desta forma, entendemos que os ídolos geram segurança para uma vida vazia de respostas e sedenta por aplacar os medos gerados pela superstição. 
De modo que, apenas o preenchimento do vazio existencial com a Verdade pode livrar o homem da escravidão, do medo e da idolatria.

Os ídolos como representação dos medos humanos

Não é difícil entender o porquê dos homens criarem ídolos. Uma observação rápida e perceberemos que os ídolos carregam neles os traços de seus adoradores. 
Se alguém é pescador e vive dos frutos do mar, logo seu maior medo é que o mar não lhe dê seus frutos. Este pescador seria adepto do ídolo da floresta? Claro que não! Ele será adepto do ídolo do mar. 

O medo de não achar pescado gerará a necessidade de segurança e, esta, a necessidade de invocar um poder que possa manipular a situação ao seu favor. E quem pode manipular a situação do mar senão o deus do mar? Logo se estabelece a idolatria. 
O desejo de manipular a situação em seu favor, gerado pelo medo, escraviza o homem aos pés do seu ídolo. Então, pelo mesmo motivo que criam-se os ídolos, criam-se também os adeptos. E este é: o medo particular de cada homem e o seu desejo de manipular as forças comuns em seu próprio beneficio.

Os ídolos só tornam os seres humanos piores

Tudo que escraviza o homem torna-o pior. Tudo que não extingue, mas antes confirma o medo, é adoecedor. 
Logo, partindo destes pressupostos válidos, o ídolo não só adoece o homem, como também converte-o em escravo.

O ídolo e a barganha

Pelo desejo de manipular em seu favor os eventos naturais, os idolatras sempre apelam para a barganha. A necessidade de dar para receber é o fator principal pelo qual os ídolos e seus sacerdotes escravizam os idolatras. 

Na história humana antiga encontramos pais sacrificando seus filhos aos ídolos em troca de algum benefício, hoje, porém, nas mais diversas religiões o mesmo dolo se segue, porém com contornos hodiernos. 
E de onde vem tudo isso? Vem do instinto humano manipulador. No desejo de poder e controle, os idolatras vendem, se possível for, a própria alma.

O poder dos ídolos

O ídolo tem poder? Claro que sim! Não em si mesmo, mas aquele atribuído a eles pelos idolatras. O dinheiro em si não é nada, mas aquele que ama o dinheiro, atribui a ele o valor equivalente ao seu próprio desejo. 
O ídolo de pedra não é nada, mas se alguém sacrifica seu filho a ele em troca de algo, logo ele ganhou o poder de tirar a vida. O poder do ídolo é equivalente a incontinência do idolatra. 
Existem seres espirituais que se aproveitam destes desejos latentes e aparentes para dominar os idolatras e levá-los ao mal, todavia não tratarei disso neste momento. Em outra oportunidade talvez o faça.

Como não ser dominados pelos ídolos

A única maneira de evitar o domínio pelos ídolos, quer objetivos, quer subjetivos, é preenchendo o vazio existencial com a verdade. E o que é a verdade? 
A verdade é uma Pessoa. A verdade é o Filho de Deus. Ele nos isenta de todos os medos tolos; nos ensina que só Criador é o detentor do destino dos homens; que devemos fugir dos desejos; renunciar as paixões; e a saber que deve ser feita sempre a vontade do Pai que está nos céus. O Deus invisível, real e criador de tudo que existe.

O Deus Criador não é um ídolo

Milhares e milhares se dizem adoradores do Deus Criador, mas não O tratam como se fosse. Não obedecem suas leis nem seus preceitos para uma vida saudável, antes fazem do Santo e Bendito à semelhança de um ídolo. 

Atualmente as denominações evangélicas, não todas, mas a maioria, enxergam o Criador como um ídolo. Fazem campanha de 300 pastores, sacrifícios, ofertas, promessas e afins na esperança de terem suas "orações", que são seus desejos, atendidos. 
Algumas outras não chegam a tanto, mas disfarçadamente diz que se você não der o dízimo, será amaldiçoado. O que dizer destas coisas? Transformaram o Deus criador em um ídolo servente dos caprichos humanos. Pobres criaturas desviadas.

Como servir ao Deus Criador

A única forma de ser feliz e liberto é obedecendo ao Deus Criador. Renunciando os desejos e seguindo os passos do seu Filho, a verdade encarnada. Fora dEle, tudo é idolatria. 
Ele é o oposto dos ídolos. Ele nos dá princípios para seguir, os ídolos incentivam a seguir os nossos próprios princípios; Ele nos põe freios, os ídolos nos empurra ladeira abaixo; Ele nos preenche, os ídolos nos esvazia. 
Ele nos livra do medo, os ídolos vive dos nossos medos; Ele nos ama, os ídolos nos odeia, pois os ídolos somos nós mesmos estereotipados em paus, pedras ou crenças. E quando desejamos algo ardentemente que não seja Deus, quão perversos nos tornamos.

Exortações finais

Filhinhos, já é a última hora. Livrem-se de toda idolatria. Libertem-se do mal! 
Sigam a luz e a verdade. 
A graça e a paz do Senhor Jesus esteja com todos vocês, eternamente. Amém!

David Galvão

Analista de Licitações, Consultor, Especialista em planejamento de compras públicas, Professor, Palestrante, Pedagogo, Especialista em Ensino de Filosofia, Especializando em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal da Bahia.

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