A letra que mata (2 Coríntios 3.6)




"Ele nos capacitou para sermos ministros da nova aliança, não da lei escrita, mas do Espírito. A lei escrita termina em morte, mas o Espírito dá vida" (2 Coríntios 3.6 NVT). 

 Algumas pessoas leem essa passagem em versões da Bíblia que trazem a sentença textual "a letra mata, mas o espírito vivifica" e entendem, não sei como e porque, que o texto estaria desincentivando o estudo profundo da Bíblia, uma vez que "a letra mata". 

A Nova Versão Transformadora ajuda o leitor da Bíblia a entender melhor a passagem, e não é nada tão difícil. Ao considerarmos contextualmente, percebemos que a referência é à "lei escrita", isto é, os mandamentos dados por Deus a Moisés no Sinai: 

"O antigo sistema, com suas leis gravadas em pedra, terminava em morte (...)" (2 Coríntios 3.7 NVT).

Mas por que a Lei dada por Deus, que é santa, justa e boa (Rm 7.12) terminava em morte? Paulo trata sobre isso em Romanos 7. Lá ele explica que a Lei traz o conhecimento do pecado ao ser humano, e esse conhecimento por si só realça a força do pecado, uma vez que desperta a curiosidade humana pelo proibido: 

"Por acaso estou dizendo que a lei de Deus é pecaminosa? Claro que não! Na verdade, foi a lei que me mostrou meu pecado. Eu jamais saberia que cobiçar é errado se a lei não dissesse: “Não cobice”. 
Mas o pecado usou esse mandamento para despertar dentro de mim todo tipo de desejo cobiçoso. Se não houvesse lei, o pecado não teria esse poder. 
Houve um tempo em que eu vivia sem a lei. No entanto, quando tomei conhecimento do mandamento, o pecado ganhou vida, e eu morri. 
Assim, descobri que os mandamentos da lei, que deveriam trazer vida, trouxeram, em vez disso, morte." (Romanos 7.7-10 NVT). 

 A isso, Paulo chama de "sujeição da Lei" (Rm 7.1-4). Quando, na época em que vivíamos segundo os desejos da natureza humana (carne) – ele explica – as paixões pecaminosas atuavam em nossos membros, realçados, fortificados pela proibição da Lei. 

Se não houvesse uma lei que proibisse, não teríamos tanto ímpeto em praticar tais atos. A estes pecadores impenitentes só resta a sentença que a Lei estabelece para cada preceito violado. E a sentença é a morte (Rm 6.23). 

Diante desta crítica situação, em que o pecado impera sobre os que estão sujeitos à Lei, isto é, conhecedores da Lei, mas com os corações inclinados aos desejos da natureza humana, há apenas uma solução: passar a viver pelos anseios do espírito, não pelos da carne. 

E para que isso seja possível, faz-se necessário o auxílio do Espírito de Deus: "Portanto, irmãos, vocês não têm de fazer o que sua natureza humana lhes pede, porque, se viverem de acordo com as exigências dela, morrerão. Se, contudo, pelo poder do Espírito, fizerem morrer as obras do corpo, viverão, porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Romanos 8.12-14 NVT). 

A sacada é a seguinte: a Lei é espiritual. Nós, porém, somos carnais e escravos do pecado (Rm 7.14). Por esse motivo, é impossível que consigamos cumprir a vontade de Deus por nosso próprio desempenho. 

É aqui que entra o papel do Espírito Santo, atuando em nós e nos capacitando a viver conforme os preceitos santos de Deus, que seriam para a morte caso tentássemos segui-lo sem o seu auxílio. 

"O problema não está na lei, pois ela é espiritual e boa. O problema está em mim, pois sou humano, escravo do pecado" (Romanos 7.14 NVT).
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