Primeiro amor: a fase inesquecível da vida cristã


A vida cristã, no início, é marcada por intenso fervor e grande disposição do cristão para as coisas relativas a Deus. É sobre esta singela fase que trataremos neste estudo.

TEXTO EM FOCO

Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor” (Apocalipse 2.4)

TEXTO BASE

APOCALIPSE 2.1-5:

1 — Ao anjo da igreja em Éfeso escreva:

“Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candelabros de ouro:
Conheço as obras que você realiza, tanto o seu esforço como a sua perseverança. Sei que você não pode suportar os maus e que pôs à prova os que se declaram apóstolos e não são, e descobriu que são mentirosos. 
Você tem perseverança e suportou provas por causa do meu nome, sem esmorecer. Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor. 
Lembre-se, pois, de onde você caiu. Arrependa-se e volte à prática das primeiras obras. Se você não se arrepender, virei até você e tirarei o seu candelabro do lugar dele (...)”. 

INTRODUÇÃO

A vida cristã, no início, é marcada por intenso fervor e grande disposição do cristão para as coisas relativas a Deus. Enquanto recebe especial tratamento do Senhor, como um bebê o recebe de sua mãe, o novo crente vive ansioso por descobrir as maravilhas do tesouro encontrado, que é esse novo caminho (Mt 13.44). É sobre esta singela fase que trataremos neste estudo.

1. O PRIMEIRO AMOR

1.1. Definição. Conhecida em alguns meios cristãos como “o primeiro amor” ou “lua de mel”, a fase mais pura e singela da vida do cristão com Deus dá-se no início da conversão e todo convertido passa por ela. Essa fase pode ser comparada à vida de um casal recém-casado, onde tudo é novo, muito colorido e lindo. Nas próprias Escrituras há essa alusão quando se fala do relacionamento entre Yahweh e Israel (Jr 2.2) e entre Cristo e sua Igreja (2 Co 11.2;Mc 2.19-20; Ap 19.7).

1.2. Características. Na fase do primeiro amor experimentamos o mais intenso desejo de servir a Deus e ser-lhe fiel. É nela que nos sentimentos fortes e vitoriosos na luta contra o pecado e o mal. Parece que Deus nos considera “bebês espirituais”, pois nos abastece de bênçãos e não permite que sejamos abalados e/ou enfraquecidos (Ef 1.3). É nela que somos mais quebrantados. Todos os nossos objetivos, orações e empenho são voltados para as coisas espirituais: santidade, aperfeiçoamento do caráter, pureza moral etc. Porém, chega o tempo em que essa realidade muda.

2. A FRIEZA DO PRIMEIRO AMOR

2.1. Como o amor esfria.
A vida do cristão é marcada por muitas fases das quais boa parte é repleta de dificuldades e aparente falta de sentido.

Nesse contexto, via de regra, com raras exceções, o amor do neófito cristão se esfria em determinado momento por várias desilusões de sua caminhada. O Senhor permite que as tentações o vençam; que os ventos que antes eram retidos por Sua mão protetora agora o atinjam; que a força para orar e santificar se esvaiam; que as trevas empreendam forte investida contra esse crente que nada entende de tudo isso estar a acontecer. Então, ele desanima, se desilude e enfraquece.

2.2. O grande desespero. O cristão entra em desespero. Começa a crer que Deus o abandonou, ou pior: que nunca tenha conhecido a Deus, de fato. Se considera um lobo, um apóstata. Antes conseguia orar com tanto fervor, vencer o pecado com muita firmeza e temor, mas hoje parece até um ateu, pois suas ações assim o definem em sua mente. Seus pecados parecem o afundar. Não há mais forças para orar ou ler as Escrituras. Sua mente está mergulhada em um abismo escuro e angustioso que parece não ter saída, não sabendo ele que todo esse processo tem um propósito divino por trás (2Co 12.9).

2.3. O propósito da frieza. Existe um propósito divino para a frieza que afeta a fase do chamado primeiro amor. Geralmente, quando Cristo alcança as pessoas e lhes resgata, lhes dá nova vida, vigor, santidade e fervor, elas tendem a pensar que tudo isso fora fruto de seu próprio esforço. Elas têm em mente que foram agentes ativas no processo. Logo, o ego delas está vivo. Como consequência, se acham superiores a outras pessoas que não estão na mesma condição, julgam os mais fracos, evitam a companhia de pessoas “menos espirituais” para “não se contaminar” etc. O que Deus faz em meio a esse cenário é levar o ingênuo crente a um estado deplorável para que veja que sem Sua graça ele nada pode (Jo 15.5).

Ao se ver sem forças para sequer dizer um “amém”, o crente percebe que tudo o que conquistou foi fruto da graça de Deus, unicamente. Assim, o Senhor torna o cristão um ser humilde e quebrantado, que sabe depender apenas de Sua graça e misericórdia (Ef 2.5,8). se esfria em determinado momento por várias desilusões de sua caminhada. O Senhor permite que as tentações o vençam; que os ventos que antes eram retidos por Sua mão protetora agora o atinjam; que a força para orar e santificar se esvaiam; que as trevas empreendam forte investida contra esse crente que nada entende de tudo isso estar a acontecer. Então, ele desanima, se desilude e enfraquece.

2.4. Se rendendo ao Deus da graça. Ao entender o propósito do doloroso processo, o cristão se rende em humilde adoração ao Deus gracioso. A partir de então, continua crescendo em Cristo, tendo no coração um amor ainda maior para com Deus, só que dessa vez, mais maduro e menos emocional; mais sereno, mais confiante, sem desespero, sem medo (1Jo 4.16-19).

3. O ABANDONO DO PRIMEIRO AMOR

3.1. A igreja que abandonou o primeiro amor (2.1-4).
Poderíamos considerar que começa o nosso estudo (Ap 2.4-5). Os tópicos 1 e 2 foram uma breve introdução para a explicação da frieza (não o abandono) do primeiro amor na fase inicial da vida cristã, que consiste num processo aplicado por Deus com um objetivo definido. Agora, trataremos do assunto mais sério: o abandono do primeiro amor.

O texto de Apocalipse 2.4-5 não traz detalhes das evidências que caracterizariam o abandono do primeiro amor. Aliás, uma análise dos versos 2 e 3 faria qualquer leitor desavisado concluir que a igreja de Éfeso era uma igreja perfeita: esforçada, perseverante, apologética e sofredora pelo nome de Jesus. Aí vem o verso 4 e lança o “balde d'água fria”: “Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor”.

3.2. O que é abandonar o primeiro amor. Já que a igreja de Éfeso era tão exemplar, do que Cristo estava falando quando a repreendeu a respeito do abandono do primeiro amor? De seu fervor inicial, certamente. Éfeso era temente, esforçada, perseverante e sofredora, mas não com a mesma paixão do início. É como um marido que ama sua esposa e até confessa que daria a vida por ela, mas já não a assiste como no início do relacionamento. Já não lhe traz flores ou bombons, nem lhe reserva tempo.

3.3. Voltando ao primeiro amor (2.5). O amoroso Senhor Jesus aconselha à igreja em Éfeso a lembrar-se de onde caiu, arrepender-se e praticar as primeiras obras (Ap 2.5). Isto significa refletir em quando e como tombamos do nosso fervor ao Senhor e voltarmos a vive-lo. Se isto não for possível a nós, Ele estará pronto a nos capacitar. Porém, é preciso que nos conscientizemos de tal necessidade (Tg 4.7-10).

CONCLUSÃO

Que Deus nos guie em Seu profundo amor. Que haja em nossos corações o ardente desejo pelo Senhor e Seus caminhos. Que jamais falte o interesse e a íntima comunhão com aquele que entregou Seu filho unigênito pelos Seus escolhidos. Amém!


Este artigo é um estudo extraído da Revista Justificados (Digital) | A Vida Cristã Fervorosa, da Justificados Produções.
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